terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DESABAFOS A PARTE

Dia 08 de janeiro do ano em que jurei que seria diferente para mim.: 2010.
Me lembro como se fosse hoje o dia em que passei a levar a minha vida como uma mentira, como algo ruim que um dia ou outro passaria despercebido. Me lembro daquele dia como se vivesse ele todos os dias. O dia em que friamente meu pai disse que nada daria certo pra mim, que tudo o que eu sonhava não passava de uma fase boba e que nada daria certo porque não eram os planos de Deus.
Me lembro daquele dia como se ele precisasse bater na minha mente todos os dias para me avisar que nada Dara certo mesmo. Que nada que eu planeje que esteja longe ou diferente do que o meu pai quer para mim dará certo.
As vezes eu queria sentir falta de algo, alguma coisa que me fizesse dizer que naquela época talvez , as coisas teriam dado certo. Mas não, eu nunca tive a chance nem a sorte de pelo menos sentir que as coisas seriam diferentes para mim.
As vezes chorar parece a maior fuga de todas, as vezes se calar parece a melhor solução. Mas o silencio e as lagrimas tem hora que apavoram, assustam. E há momentos em que a única coisa que eu queria era ouvir que em algum lugar no mundo alguém se orgulha de mim, alguém esta feliz por eu ser assim, alguém em algum lugar se alegra por eu ser diferente.
As vezes eu só queria ficar sozinha, só queria ficar em paz, ficar a observar a vida de fora. As vezes eu não queria ter uma vida, eu queria apenas fazer parte dela.
Não gosto de não entender meus pais, porque não entende-los é muito mais difícil para mim do que para eles. Não entende-los me massacra por dentro, me machuca feridas nas quais eu não consigo curar. Talvez seja exagero, alias briguinhas entre pais e filhos é tão natural quanto chuva. Mas é que todas as vezes em que tentei ser eu, eu errei, errei em ser eu mesma porque ser eu mesma é errado aos olhos do meu pai. Por outro lado, se eu os entendesse eu conseguiria caminhar no ritmo certo, mas eu sempre caminho distante. E no momento, ou melhor, a vida inteira a única que se sente bem em ser como eu sou , sou apenas eu.
Fico pensando as vezes qual o motivo de Deus ter me colocado no mundo, pois seria bem mais fácil se eu tivesse ficado La em cima com Ele. Tudo seria muito menos complicado. Falar que Deus errou seria um erro apenas meu, então modifico minhas palavras porque sei que Deus não falha. Mas corrijo de um jeito menos terrível, talvez eu tenha feito escolhas erradas, mas não sei como eu teria feito escolhas certas desde o dia em que nasci.
Choro não porque a vida esta ruim, choro porque a vida é boa demais e mesmo assim ainda não me sinto bem aqui. Choro porque queria ser a filha de todos os outros pais do mundo que meu pai diz ser melhor que eu, choro porque queria ser todas as Jenifers, Thais’s, Joyce’s, choro porque queria deixar de ser quem eu sou, queria renunciar a ÚNICA Débora que há no mundo , a Única que é como eu sou. Por querer ser como meus pais querem que eu seja, choro porque não querer ser eu é muito difícil. É como negar minhas origens, mas choro porque queria ser o que agrada meu pai, porque talvez sendo o que o agrada eu ficaria mais feliz em estar aqui.
Meu pai não é um monstro, mesmo sabendo que nunca vou ter um pai que se sente do meu lado na cama enquanto minhas lagrimas molham meu travesseiro , me abrace e me pergunte o que ele precisa fazer para que eu fique feliz. Ele não é um monstro, e talvez seja isso o que mais me assusta, será que eu sou um monstro ?
Não estou acostumada em ser a vitima, mas as vezes ser a vitima é a única coisa que agrade quem já não se sinta bem em tantas vezes ser a vilã, a ovelha negra da historia, talvez dessa vez eu queira ser a vitima. Talvez nesse momento em que tudo o que eu quero não é possível porque não é certo, correto ao que minhas origens crêem, talvez nesse momento em que eu vejo que devo desistir , devo esquecer porque nem se eu lutar Dara certo, não na hora que eu queria. Talvez agora eu queira o pai que sente ao lado da cama e diga palavras para me animar.
Pode ser que a minha imensa vontade de ser atriz seja para ilustrar uma vida que não existe, não existe para ninguém, só existe dentro de roteiros e cenários. Mas é a vida que eu queria ter. Fantasiar diversas vidas dentro da minha. E quem sabe descobrir o motivo de eu estar aqui.O motivo de desde menina fazer tantas coisas erradas, cometer erros mais que duas vezes, machucar pessoas, se fragilizar, errar em se apegar a pessoas erradas. São tantos erros, que eu queria ter um motivo para telos cometido. Eu queria tanto que estivesse alguém dizendo que o mundo pode estar contra mim, mas ele sempre estaria ao meu lado. Queria tanto que alguém admirasse a minha personalidade, a minha vida meio que sem motivo de existência, alguém que ficasse feliz por eu existir, alguém para me dar um motivo em estar aqui.